Blog da Celina

Estou aqui para dizer que faço um pouco de tudo...
Algumas coisas eu faço melhor e outras dou minhas cacetadas.
O que gostaria mesmo de fazer é escrever coisas bonitas, contar lindas histórias, memórias, causos, quem sabe alguns versos...Mas não tenho capacidade pra isso tudo, então me contento em ler, apreciar e colocar aqui para que vocês possa apreciar também.
Então vamos lá e mãos a obra...


terça-feira, 19 de março de 2024

 Amiúde estava eu a matutar com os botões da minha cachola, e acordei que nossa tão faceira língua está a perder-se em modismos e gírias que funestamente lhe tiram o lustro e o esplendor. E provavelmente não há de ter nenhum petiz que se interesse. É um basbaque e um quiproquó que pululam em nossas mentes: põe acento, tira acento; põe hífen, tira hífen; simplifica ou complica. Virou um boné véio nossas regras gramaticais: tudo é relativo e depende do contexto. Relembro o tempo que mamãe sentada em seu pechichê, contava alguma história com todos os “s” e pronomes bem empregados. Todos em seus devidos lugares. Agora esses sacripantas da educação dizem que precisa respeitar o tempo de aprendizagem do aluno. O jovem aprendiz não corre atrás do processo de aprendizagem. É a escola que tem que correr atrás do aprendiz para lhe enfiar os conhecimentos na cachola. A educação está uma fuzarca. Dá vontade de pegar uma garrucha e acabar logo com essa balela. Escola tem que ensinar e aprendiz tem que aprender. E para aprender tem que praticar. Daí vai ficar supimpa. Cada um no seu devido lugar e cumprindo sua missão. Já imaginou se no meio dessa fuzarca, aparece uma sirigaita querendo dar novos nomes aos bois? Boné véio, chapéu véio! Então para resgatar nossa linguagem supimpa, mesmo não entendendo bulhufas, podemos usar mais frequentemente algumas palavras antigas. Assim elas não se perderão totalmente. E como conseguiremos? Escrevendo mais, cada vez mais! Um ósculo para todos!

Autoria : Maisa Cerqueira




Inexorável



 

quinta-feira, 7 de março de 2024

Para a Renata



 

 A arte de ser avó

Rachel de Queiroz

Netos são como heranças: você os ganha sem merecer. Sem ter feito nada para isso, de repente lhe caem do céu. É, como dizem os ingleses, um ato de Deus. Sem se passarem as penas do amor, sem os compromissos do matrimônio, sem as dores da maternidade. E não se trata de um filho apenas suposto, como o filho adotado: o neto é realmente o sangue do seu sangue, filho de filho, mais filho que o filho mesmo…

Quarenta anos, quarenta e cinco… Você sente, obscuramente, nos seus ossos, que o tempo passou mais depressa do que esperava. Não lhe incomoda envelhecer, é claro. A velhice tem suas alegrias, as suas compensações – todos dizem isso, embora você, pessoalmente, ainda não as tenha descoberto – mas acredita.

E então, um belo dia, sem que lhe fosse imposta nenhuma das agonias da gestação ou do parto, o doutor lhe põe nos braços um menino. Completamente grátis – nisso é que está a maravilha. Sem dores, sem choros, aquela criancinha da sua raça, da qual você morria de saudades, símbolo ou penhor da mocidade perdida. Pois aquela criancinha, longe de ser um estranho, é um menino seu que lhe é “devolvido”. E o espantoso é que todos lhe reconhecem o seu direito de o amar com extravagância; ao contrário, causaria escândalo e decepção se você não o acolhesse imediatamente com todo aquele amor recalcado que há anos se acumulava, desdenhado, no seu coração.

E quando você vai embalar o menino e ele, tonto de sono, abre um olho, lhe reconhece, sorri e diz: “Vó!”, seu coração estala de felicidade, como pão ao forno.

sexta-feira, 1 de março de 2024

 Confinamento da Maisa Cerqueira

Lembraças de

Março 2020

E eu continuo confinada! Não matei meus pais, não joguei minha filha pela janela, não piquei em pedacinhos meu ex-marido, mas o Juíz Corona Vírus Chinês é bem duro e radical. Não segue a linha benevolente de um Marco Aurélio ou de um Gilmar. Então vou continuar confinada para o meu pp bem e para o bem estar dos outros. Pensei em chamar o Dr. Dráuzio Varela para me abraçar. Mas ele é muito feio, chato e global. Desisti. Vou continuar vendo filmes antigos na Tv, fazendo pãezinhos que depois me dão azia, fuçando Facebook, Instagram, WhatsApp, fazendo de tudo um pouco para passar o tempo. O confinamento é chato, muito chato. Mas tem tem uma coisa que está me incomodando e que deve incomodar muita gente: a prisão do Lula foi mais suave que este nosso confinamento pois não temos comida de restaurante ( temos que fazer), não temos assessores para virar as páginas do livro (que ele não sabe ler), não temos dois carros abastecidos e com motoristas à disposição para nada, não temos visitas de primeira página, não temos poste. Puxa! Nossas cartinhas não são publicadas. Que sem graça! O confinamento do Lula era bem mais animado e ainda não corria o risco de adoecer. Acho que vou falar com o Gilmar para ver se ele me manda para o segundo andar da polícia federal de Curitiba. Vai ser difícil pois não tenho dinheiro e o Gilmar é movido a dólares ou euros. Então vou ficando por aqui no meu confinamento mesmo. Ah! Podia ter pelo menos um “Bom dia Maisa”, “Boa tarde Maisa” e um “Boa noite Maisa”, bem gritados e bem alto!