Blog da Celina

Estou aqui para dizer que faço um pouco de tudo...
Algumas coisas eu faço melhor e outras dou minhas cacetadas.
O que gostaria mesmo de fazer é escrever coisas bonitas, contar lindas histórias, memórias, causos, quem sabe alguns versos...Mas não tenho capacidade pra isso tudo, então me contento em ler, apreciar e colocar aqui para que vocês possa apreciar também.
Então vamos lá e mãos a obra...


segunda-feira, 14 de março de 2022


AS DUAS FLORES

São duas flores unidas
São duas rosas nascidas
Talvez do mesmo arrebol,
Vivendo no mesmo galho,
Da mesma gota de orvalho,
Do mesmo raio de sol.

Unidas, bem como as penas
das duas asas pequenas
De um passarinho do céu…
Como um casal de rolinhas,
Como a tribo de andorinhas
Da tarde no frouxo véu.

Unidas, bem como os prantos,
Que em parelha descem tantos
Das profundezas do olhar…
Como o suspiro e o desgosto,
Como as covinhas do rosto,
Como as estrelas do mar.

Unidas… Ai quem pudera
Numa eterna primavera
Viver, qual vive esta flor.
Juntar as rosas da vida
Na rama verde e florida,
Na verde rama do amor!

(Castro Alves)

 

domingo, 13 de março de 2022


Reminiscências

Algumas memórias! Algumas que tenho, outras tantas que  hoje desenho...  
Pois se não as tive, gostaria de ter!...
Entre as lembranças,  momentos de glória! 
Se não fizeram parte da minha história, hoje vão fazer!
Pois posso inventar e fazer dentro de mim tudo acontecer! 
Ah minha infância...  Lembrá-la é reviver ! Adolescência,  na busca da minha essência!... Juventude!...
Quanta abundância em reminiscências, quanta plenitude!  
Me ocorre e escorre pelos meus pensamentos  lembrar da   minha casa!  
Aquela que entre tantas paredes desenhadas de sonhos, comportava os  segredos de minha alma!  
E foram tantas casas ... na verdade ninhos, que me ensinaram a criar asas!       
Mas uma casa em especial, me transporta novamente para dentro dela!...
E um grande suspiro me invade !...
Quanta saudade!
Era o alpendre na entrada ! Que  dava o maior charme à fachada! 
Com duas convidativas cadeiras!
Entre elas, lindas floreiras!
Para receber os convidados, no aconchego de um lar verdadeiro!    
Se não me engano duas arandelas! 
Iluminando o alpendre, entre as sombras das cortinas,  com bandôs nas janelas!
Se revela um cenário mágico! 
Personagens  num vai e vem constante!
Mas ainda não é o momento  de esboçar qualquer sentimento , de vislumbrar  cada um deles !
Só e somente  atento o olhar para a sala mais linda, como se nenhuma outra como aquela existisse ainda! Uma mesa de fórmica ,que aparava a tv preto e branco, colorindo nossas vidas!
De todas as cores e emoções jamais sentidas!
Um sofá aconchegante! 
Com almofadas  brilhantes , suaves toques de cetim ! 
Ao lado uma estante,onde os livros parecem querer voar ! 
De tão manuseados,  os pobre  coitados, entre títulos variados, saltitavam de mão em mão!  
De cômodo a cômodo da casa  espalhados!
Páginas abertas como olhos olheiros!    Parecendo até que sabiam que aquela casa  tinha muita história para contar! 
Duas poltronas bufantes , braços abertos! Com almofadas bordadas, tigres  e elefantes! Não puramente decorativas!
Davam ao ambiente uma sensação aconchegante!
Nas paredes dois quadros: a Arca de Noé e A Travessia do Mar Vermelho!
Era um  símbolo de fé!
Abaixo algumas cadeiras, para as visitas!     Para ampliar o ambiente, um enorme espelho!
Da sala se via a copa, separada por um grande arco, pois não havia porta!
Nesse arco uma bela cortina de crochê !
Uma mesa ,oito cadeiras e um enorme bufê!
Acima do bufê a Santa Ceia,  era moda, uma maneira das refeições abençoar! 
E como não me lembrar ...
A lamparina vermelha!
Que só estava sobre a mesa para enfeitar!...
A cozinha, sempre pronta para preparar!  Do mais simples ao mais requintado prato!
O relógio marcava as horas num badalar musical!
Por vezes  nos esquecíamos de dar cordas!
Mas as horas passavam infalíveis ! 
Como sopro  invisíveis!
E o relógio lá de casa era o retrato do tempo !  Tempo esse abstrato.  
Tempo que não para, não se mede!
Quanto aos moradores de minha casa ?!!! Ah, essa é outra história! 
É a minha tribo, a quem devo o tributo, da minha mais nobre e fiel memória!
Por enquanto não é chegada a hora!
Paro  o meu relógio por  aqui !   Pois  não saberia  descrevê-los!    Para tanto, teria que  cometer a ousadia de transformar em magia...   
Dar cordas ao relógio do meu coração,  de  dentro  para fora! 
Num só  verso   dedicar-lhes uma canção! Uma melodia ,uma trilha sonora que só fale de amor! 

Gislene Boldorini.